terça-feira, 8 de maio de 2007

Autocrítica

No final do ano passado, pouco antes da "moratória" aos projetos de alteração de zoneamento, houve uma espécie de rixa entre os vereadores Jaime Tonello e Ptolomeu Bittencourt. Filiados ao mesmo partido, o então PFL, eles chamavam atenção pela troca de farpas. Tonello acusava o correligionário de ser rígido demais nos pareceres da comissão que presidia, a de Constituição e Justiça. Também apontava morosidade na análise dos processos na comissão. Bittencourt dizia que no papel de presidente lhe cabia seguir a legislação.

A rixa virou pauta. "Estão sentando em cima dos processos?".

Tonello repetiu o que dizia em plenário.

Bittencourt deixou no ar uma frase de efeito e que depois faria todo sentido:

- É normal que os projetos demorem. Eu estranho os que andam rápido demais.

O repórter anotou a frase, até usou no texto depois, mas parou a entrevista por ali. Bittencourt insistiu:

- Mas com certeza não é isso que eles estão questionando. Não é a demora.
- O que seria, vereador?
- Ah, aí é contigo. A entrevista pára aqui.

Meia hora depois, o vereador liga de volta.

- Eu não tava querendo dizer que sabia de alguma coisa. Eu só quis dizer que não pode ser a demora.

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Todo mundo sabia de alguma coisa, todo mundo ouviu falar de alguma coisa, todo mundo comentou algo sobre os carros do Juju, sobre favores, propinas, promiscuidades. Todo mundo tinha uma história pra contar ou especular - inclusive nas redações.

Não me conformo com a cara de espanto de todos na quinta-feira, inclusive a minha. Se a PF não arma aquele estardalhaço (ou pirotecnia, como prefere o governador), quanto tempo mais a gente continuaria a escrever matérias sobre "moratória" nas alterações do zoneamento e o novo plano diretor como se fossem coisas sérias - com as devidas aspas do nobre líder do governo?

Uma nova lei, um pequeno conto e um temor

Luiz Henrique tem dado fortes declarações de apreço ao senhor empreendedor Marcondes de Mattos, entre outros. Outro assunto que surge quando o governador comenta os estragos causados pela Operação Moeda Verde, da Polícia Federal, é a lei que tramita no Congresso e disciplina as competências dos órgãos na questão ambiental. LHS questiona o fato das ações do Ibama e dos órgãos estaduais e municipais ficaram muitas vezes sobrepostas. Pelo texto da proposta, sempre que a fiscalização ficar restrita aos limites de um munícipio, é competência do orgão municipal. Quando atingir dois ou mais municípios, é da conta do órgão estadual (no nosso caso, a Fatma). O Ibama ficaria encarregado apenas quando a questão abrangesse área de dois ou mais estados.

Até faz sentido. Mas e na prática?

Se toda a fiscalização em Florianópolis ficasse a cargo da Floram, seria melhor ou pior - mais fácil ou mais difícil burlar a lei?

Se as estruturas municipais refletem as estaduais e federais, com um pouco menos de, digamos, elegância... imaginemos um hipotético município São José de Alcântara do Oeste. Nessa cidade, uma exuberante coligação eleitoral chamada "quadriplice aliança" elegeu o prefeito com um pé nas costas e de quebra garantiu seis dos nove vereadores. O prefeito eleito, articulador nato, criou a teoria da "matemática das urnas" para calcular a divisão do bolo entre os aliados. Antes do rateio, também ficou definido que os principais nomes da coalisão teriam o direito de indicar um cargo por fora da conta da tal matemática. Assim, ficou estabelecido que o cargo de diretor da fundação municipal de meio ambiente seria da cota pessoal do vereador Zé da Funilaria, presidente de um dos quatro partidos da base na cidade.

A história eu não vou continuar. Apenas acho que meio ambiente é algo muito sério pra ficar tão perto da zona de influência de um vereador...

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Em silêncio

A delegada Júlia Vergara contou no final da tarde de domingo que ofereceram ao vereador Juarez Silveira a chance de depor mais uma vez, mas que ele preferiu ficar quieto. A ultima frase do depoimento transcrito de Silveira foi "seja o que deus quiser". Deve ser difícil para o vereador manter essa postura, já que sempre foi de falar mais do que devia e deixar muitos recados nas entrelinhas.

Na primeira vez em que deixou o cargo de líder do governo Dário Berger, em setembro de 2005, ele fez um contundente discurso na tribuna da Câmara. Dizia para o prefeito tomar cuidado com seus assessores (prometo procurar o discurso mais tarde). Quando a confusão envolvendo mudanças pontuais de zoneamento chegou ao ápice e obrigou Marcílio Ávila a declarar a tal moratória para esse tipo de pedido (contornada no caso da mudança que permite a reforma do estádio do Figueirense), Juarez mais uma vez foi pra tribuna deixar alguns podres no ar.

Relembremos:

- Eu deixei de vir a Sessão semana passada e estou aqui pensando, será que vale a pena eu ficar aqui, será que não vale a pena eu ser Secretário Municipal, porque eu tenho projetos parados.

- Faz muito tempo que eu não entro com um projeto de zoneamento nessa Casa, não porque a população não me pede é porque eu não quero mais me incomodar, não quero me estressar, tenho nojo de apresentar emenda em primeira e segunda votação, o substitutivo tira a qualidade do projeto porque tem sempre um Papai Noel, sempre tem uma bucha no meio.

-Essa Casa tem dezesseis Senhores Vereadores, eu sempre apresentei projetos para amigos, para clientes ou eleitores, então eu dava entrada, porque não é pecado dar entrada, não é pecado atender corretor, não é pecado atender uma comunidade, não é pecado atender um empresário desde que faça as audiências, desde que se discuta os mapas, desde que se faça às coisas corretas.

- Eu já ajudei metade desta cidade e o Vereador Acácio [Garibaldi, líder do governo Ângela Amin, atualmente suplente] várias vezes me chamou a atenção e me puxava a orelha. Eu fiz vários zoneamentos, para várias pessoas desta cidade e fiz para SINDUSCOM e para todo mundo, não tem problema nenhum, e farei quantas vezes for necessário, mas eu quero audiência pública dirigida, específica, eu quero a comunidade.

Agora fica a expectativa de que Juju volte a ser o falastrão que sempre foi...
 
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