sábado, 9 de fevereiro de 2008

Faturando

O senador Álvaro Dias (PSDB) deixou escapar em entrevista ao site Congresso em Foco que a crise dos cartões corporativos tem mais potencial para abalar a imagem do presidente Lula do que o episódio do mensalão. Não por ser mais grave, mas porque o povo entenderia mais fácil essa história gente do governo e parentes pagando suas contas com um cartão de crédito forrado de dinheiro público. Faz sentido.

No meio dessa briga entre cartões ilimitados e oposição querendo barulho em fevereiro, talvez seja hora da imprensa ter um pouco de cuidado. O Portal da Transparência torna muito fácil pegar o nome de alguém e questionar gasto por gasto. Passei a quinta-feira fazendo exatamente isso. Das centenas de cartões corporativos do governo, pelo menos 11 estavam aqui em Joinville. Fui atrás deles.

Fiquei intrigado com os gastos em hotéis e pousadas feitos por funcionários da Receita Federal. Por que um funcionário de um órgão de Joinville gasta com hospedagem em... Joinville? Lá foi o Upiara atrás.

Muitas notas fiscais depois, saí satisfeito. Sem furo, falcatrua, candidatura a prêmio esso, mas satisfeito. Na primeira nota, os gastos de um encontro de delegados da receita de Paraná e Santa Catarina. Na segunda, o pagamento da pousada que hospedou integrantes da PF e da própria Receita durante as investigações da Operação Ouro Verde.

Voltando à redação, outra missão. Descobrir porque um funcionário do INSS gastou 20 reais numa loja joinvilense chamada Canto da Agulha. A assessora de imprensa do órgão, lá em Brasília, depois de passar o dia respondendo questões semelhantes do país todo, não escondia a irritação.

- Ele comprou uma fita. Uma fita verde-amarela! Pra cerimônia de inauguração de uma agência da Previdência Social aí em... onde você mora mesmo? Joinville.

Grandes besteiras. Mas no jornal do dia seguinte tá tudo na página, com o devido “contraponto”. E nos próximos meses os servidores citados vão agüentar muita piadinha dos vizinhos pedindo dinheiro emprestado...

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Tô com medo da próxima eleição. A gente sabe no que deu o “varre, vassourinha” e a caça aos “marajás”. E agora fica fuçando fatura, igualzinho mulher desconfiada. Como se adiantasse. Numa fatura, qualquer puteiro vira uma ilibada cantina...

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Nada disso que escrevi vale pros gastos dos seguranças da Lurian no Camelão, usando cartão corporativo.
 
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