quarta-feira, 2 de abril de 2008

Dividindo

O secretário estadual de Comunicação Derly Anunciação foi homenageado ontem no evento que lançou em Santa Catarina a campanha comemorativa do centenário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Recebeu das mãos da presidente da Acaert (Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão), Marise Westphal Hartke, uma placa e fartos elogios.

Para ela, a imprensa catarinense se divide em antes e depois de Derly.

Faz sentido.

Com a força do povo

O vice-presidente da República José Alencar (Prb) disse a seguinte frase, ontem, em entrevista a uma emissora de rádio:

- O que os brasileiros desejam é que o Lula fique mais tempo no poder.

Como brasileiro, concordo com o vice. Desejo que Lula permaneça mais tempo no poder. Para ser mais exato, os 33 meses e alguns dias que faltam para que ele conclua o mandato que ganhou nas urnas em outubro de 2006.

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Em tempo, não é de hoje que Alencar brinca de adivinhar a vontade do povo brasileiro. Na campanha eleitoral disse, em evento realizado em Florianópolis, que os brasileiros iam "vingar nas urnas as injustiças cometidas contra o presidente Lula. Na época, eu cobri o evento fazendo frila para o jornal O Globo. O texto, de 24 de agosto de 2006, segue abaixo.

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O vice-presidente José Alencar afirmou ontem em Florianópolis que as últimas pesquisas divulgadas na disputa para presidente refletem o desejo do povo brasileiro de reparar as injustiças cometidas contra Lula.

- Os brasileiros precisam respeitar o sentimento nacional. O povo quer vingar as injustiças cometidas contra o presidente Lula. O povo acompanhou as denúncias contra o presidente e as analisou em secreto. Agora mostra sua opinião e vai reeleger Lula.

Convidado para abrir o 12º Congresso Nacional de Jovens Lideranças Empresariais, Alencar mostrou-se confiante com a vitória no primeiro turno e afirmou que declarações da oposição ligando o nome do presidente à corrupção serão avaliadas pela população como "aventura eleitoreira".

Sacrifício pelo poder

O texto abaixo é do jornalista Augusto Nunes, linkado no blog do deputado federal e pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro Fernando Gabeira (Pv). A candidatura é o tema, mas Nunes inicia citando o ex-governador catarinense Antônio Carlos Konder Reis - que dá uma aula de metáfora.

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O ex-governador catarinense Antônio Carlos Konder Reis já vivia o ocaso político quando um jornalista lhe perguntou se gostava da idéia de voltar ao cargo que ocupara entre 1975 e 1979. Por um punhado de segundos, Konder ficou em silêncio - varado de luz como um santo de vitral, diria Nelson Rodrigues. E então mandou às favas as mesuras retóricas. Para escancarar as profundezas da alma, recorreu à imagem que Lula adoraria ter usado num daqueles improvisos no meio da tarde, com a garganta molhada pelo almoço.

"Imaginemos que aparecesse à minha frente, agora, uma montanha de merda, e alguém dissesse que, do outro lado, estava o palácio do governo", fantasiou. "Se esse alguém garantisse que bastaria cruzar a montanha para voltar ao comando do Estado, eu começaria a travessia imediatamente. A nado, se preciso". O poder é bom demais, sublinhou. Principalmente quando exercido em cargos executivos.

Nascido e criado numa família habituada ao mando, Konder sabia do que falava: adulto, consumiu muito mais tempo dando ordens do que empenhado em cumpri-las. Pode ter-se excedido na linguagem, mas não exagerou. A chance de candidatar-se a presidente, governador ou prefeito induz a gente da terra a fazer coisas de que Deus duvidaria se não fosse também brasileiro.

(leia o texto completo)

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Imagino que Konder Reis tenha dado a entrevista em 1993 ou 94, quando era vice do governador Vilson Kleinubing (PFL). Ele se preparava para reassumir o cargo que já havia ocupado durante o regime militar, por conta da renúncia de Kleinubing para concorrer ao Senado. Konder Reis completou o mandato e disputou quatro anos depois uma vaga na Câmara dos Deputados. Foi eleito com a quinta maior votação, cerca de 75 mil votos. Tentou a reeleição em 2002, mas ficou longe da vaga, com apenas 16 mil votos. Desde então, está aposentado.
 
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