sexta-feira, 18 de julho de 2008

O primeiro debate

Foi bem interessante o primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de Joinville, trasmitido e realizado ontem pela TVBV. A tradição da Band (seguida pelas afiliadas) de fazer sempre o primeiro confronto acaba fazendo com que os debates da emissora sirvam de teste para todos os outros encontro. Hora de ver o que funciona ou não, de correr poucos riscos.

Nesse sentido, Darci de Matos (Dem) surpreendeu ao fazer a primeira pergunta justamente para o principal adversário, Carlito Merss (Pt). Geralmente quem lidera as pesquisas foge do confronto. Mas o candidato demista parecia nervoso demais e gastou a chance alfinetar o petista com uma pergunta boba. "Explique porque o senhor só enaltece os problemas de Joinville?". Darci tentou levar para o debate a pecha de que ele não gosta da cidade que pretende governar - que talvez funcione nas ruas ou nos almoços partidários, mas nunca em rede estadual.

Foi a chance que Carlito - até então tímido - teve para falar de todas as ações que beneficiaram Joinville nos seus três mandatos como deputado e falar aquelas frases de político profissional, no estilo "amo essa cidade que me acolheu", "posso fazer muito mais como prefeito", etc. Na réplica, Darci insistiu e disse que Carlito não conhece bem a cidade porque fica muito em Brasília - e que deve permanecer por lá, por ser um "deputado razoável". Na tréplica, outra cortada petista.

Constrangedor.

Mais cauteloso, Mauro Mariani (Pmdb) tentou jogar o debate para a questão da saúde, apontada pelas pesquisas internas como área de maior insatisfação entre os joinvilenses e que deve ser o principal tema de sua campanha. Pediu a Rogério Novaes (Pv) que falasse sobre o assunto. O candidato verde foi a surpresa do debate. Desenvolto, claro nas propostas, falou sobre a necessidade de construir um hospital na zona sul e outro na zona norte, criando 400 leitos, e de terminar o Pronto-Atendimento do bairro Aventureiro. Deixou Mariani sem ter o que falar na réplica. O peemedebista limitou-se a ressaltar a presença do doutor Xuxo (José Aluísio Vieira, do Pps) como vice da chapa e falar na ampliação do Programa Saúde da Família.

A bola voltou para Carlito, que resolvou tabelar com Kennedy Nunes (Pp). A pergunta: o que ele acha do Restaurante Popular. A experiência de apresentador de tevê faz Kennedy se sair muito bem nesse tipo de encontro e a pergunta ajudou. Ele lembrou que prometeu construir um restaurante desse tipo quando foi candidato em 2004 e que a idéia foi ridicularizada por Marco Tebaldi (Psdb), que acabou eleito e hoje banca o restaurante feito pelo governo federal. Kennedy ressalvou que é preciso criar critérios para que só os necessitados possam utilizar o serviço.

Na estranha posição de ser vice-prefeito e candidato de "oposição" ao mesmo tempo, Rodrigo Bornholdt (PDT) focou seu discurso na área de segurança pública. Prometeu criar uma "mega-secretaria" que englobasse segurança e desenvolvimento social. Foi sobre o tema que dirigiu a pergunta a Darci de Matos, que também também prometeu criar uma nova estrutura para a área - mesmo ressaltando que o tema é competência do governo estadual.

Kennedy perguntou a Mariani o que ele achava dos serviços de água e esgoto de Joinville. O peemedebista puxou a sardinha para seu lado e garantiu que entende do assunto por ter sido relator da Cpi que investigou a Casan, no primeiro mandato de Luiz Henrique no governo estadual. Falou da tarifa cobrada pela Águas de Joinville, mais cara que as outras da região. Nesse ponto Kennedy foi incisivo. Deu números: "40% mais cara que em Jaraguá, 30% mais cara que São Francisco". E foi o primeiro candidato a prometer abrir uma caixa-preta nas eleições deste ano. No caso, a da companhia municipal de água e abastecimento.

Por último, Rogério Novaes (Pv) voltou ao tema da criação de uma secretaria de segurança municipal. Disse defender a idéia desde 2004, quando era candidato a vice de Carlito, e perguntou a Rodrigo porque ele não defendeu a idéia dentro da atual prefeitura, já que é vice. Rodrigo se saiu bem. No melhor estilo Lula, recorreu ao futebol e disse que o vice é apenas "um reserva com vontade de entrar em campo e fazer alguma coisa".

---

Assim foi o confronto no primeiro bloco com perguntas entre os candidatos. Foi o que acompanhei melhor. Antes, eles responderam perguntas de joinvilenses entrevistados pela TVBV. Depois, foi a vez das perguntas dos jornalistas convidados e da produção da emissora. Essas últimas, um tanto constrangedoras. Chegaram a perguntar a Kennedy como ele trataria as greves de motoristas e cobradores de ônibus. Pertinente em Florianópolis, a pergunta não faz sentido em Joinville, onde a categoria é dócil. Foi mais ou menos o que disse o pepista, aproveitando o resto do tempo para falar de transporte coletivo. Para fechar, mais um bloco de perguntas entre os candidatos - que eu não acompanhei.

O post já está longo, vamos para as considerações finais:

Carlito (Pt) - Começou tímido e foi se soltando. Evitou confrontos e se apoiou em ações do governo federal na cidade. Pela primeira vez em suas cinco campanhas, tem o que mostrar.

Darci (Dem) - O mais nervoso. Partiu para o confronto com o Carlito de forma desajeitada. Se era para constranger o petista, melhor falar sobre os votos que ele deu em favor da CPMF e da CSS ou de sua posição sobre o aborto. Se saiu bem quando não teve medo de defender o governo Tebaldi. Ao responder sobre os corredores de ônibus que estão sendo implantados a toque de caixa, defendeu a prefeitura sem titubear.

Edílson Nunes (P-Sol) - É uma piada. O mais irrelevante foi justamente o único ausente, representado por uma cadeira vazia. Não parece estar em concorrendo. Não atende telefone para entrevistas, não se preocupa em aparecer.

Kennedy (Pp) - Tem intimidade com a câmera e leva vantagem por isso. Foi firme, usou bem o tempo, bateu em questões importantes.

Mariani (Pmdb) - Parecia menino pequeno visitando a tia que mora em outra cidade. Foi tímido, não conseguiu se destacar. Em algumas respostas, não conseguiu fugir daquele cacuete de político que responde sem dizer nada.

Rodrigo Bornholdt (Pdt) - Fora a dificuldade de se mostrar independente sendo parte do atual governo, Rodrigo foi bem. Claro no discurso, pegou para si o tema da segurança pública e não largou. Vai ter que explicar o que uma secretaria municipal de segurança pública pode fazer na prática. Florianópolis tem a sua, sem que ninguém perceba.

Rogério Novaes (Pv) - Respostas objetivas, discurso claro. Novaes foi bem. Levou para o debate a mesma naturalidade com que resolve os problemas de Joinville por telefone, quando é entrevistado. Carlito tinha razão quando dizia que a candidatura verde qualificaria o debate. Deve ser o Cristóvão Buarque da eleição.

O vencedor: O eleitor, que teve chance de conhecer os candidatos e suas propostas para o futuro de Joinville.



Brincadeira, brincadeira. Essa última é piada.

Não acredito em debates. O primeiro que eu na vida foi do Alceu Collares (Pdt) contra o Nelson Marchezan (Pds) nas eleições pelo governo gaúcho em 1990, acho. Levou uns dez anos para eu entender que, assim como no futebol, ninguém troca de time só porque o adversário joga mais bonito.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Vamos ouvir os leitores

Diariamente recebemos uma pesquisa com a opinião dos assinantes sobre o jornal. Em meio a tantas respostas sobre a necessidade de ter mais palavras cruzadas e não repetir o horóscópo, algumas vezes surgem respostas que apontam caminhos e sugerem coisas interessantes. Foi o que aconteceu ontem.

Um leitor de Joinville disse que o jornal deveria ter mais Fórmula Indy, tabelas dos campeonatos espanhol e italiano, além de informações sobre a cidade de Canoininhas. Mas destacou o principal:

"Gostaria de ver no jornal o Hino do Grêmio-Poa, pois acho o Hino o mais bonito de todos os times do Brasil".

domingo, 13 de julho de 2008

Resposta

Uma leitora chamada Patrícia deixou comentário no último post. Ela disse:

Bem legal a retrospectiva histórica.
Mas pensei que a matéria iria contar porque o governador permitiu que o desembargador assumisse: aquilo que rola por trás dos bastidores, que "prestigiar" o Judiciário, fazia parte da contrapartida que o governador daria ao TJ por escolherem o Adriano Zanotto como novo desembargador. Mas, o advogado preferido do Governo acabou nem entrando na lista triplice, nao sendo eleito lá na OAB. "

Bom, Patrícia. Se o Zanotto tivesse sido escolhido desembargador, a matéria citaria essa questão. Mas o governo não conseguiu superar a resistência dos outros magistrados em relação ao nome dele, o que fez o advogado ser o quinto em uma lista de seis nomes enviados pela OAB. Assim, se a posse de Francisco Oliveira Filho estava vinculada à posse de Zanotto, não deu em nada. Talvez porque dez dias segurando a caneta de LHS sem tinta dentro valham exatamente isso: nada.

Obrigado pela visita e pelo comentário.
 
BlogBlogs.Com.Br