quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Construir estradas é governar

Das 279 emendas parlamentares apresentadas ao Orçamento do próximo ano, 96 delas são para obras de infra-estrutura – estradas, pontes, viadutos. O número de emendas é praticamente o triplo do destinado às áreas de saúde e educação, além de ser exatamente 96 vezes maior que o de emendas para o saneamento básico (é, foi uma só).

Esse tipo de obra gera a visibilidade que costuma garantir mais de um mandato a um deputado e que pode até mesmo chegar a mudar a conduta histórica do eleitorado de um pequeno município. Perguntei a um prefeito do PP de um município da Grande Florianópolis as razões da vitória de Luiz Henrique (PMDB) na localidade no primeiro turno, considerando que Esperidião Amin (PP) sempre venceu na cidade e que o partido comanda a prefeitura. Ele não titubeou:

- O Luiz Henrique asfaltou um trecho da rodovia que passa aqui. É uma obra muito importante.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Comentando o comentário

Um leitor anônimo colaborou com algumas informações sobre os desejos políticos do presidente da Câmara Municipal, Marcílio Ávila (PMDB). Lembrou que Ávila ainda não desistiu de concorrer à Prefeitura em 2008, além de ser apontado como um provável vice na chapa de Dário Berger (PSDB). Por isso, a Secretaria Regional da Grande Florianópolis lhe cairia bem. Bem demais, provavelmente pensam alguns de seus aliados.

- Setores do seu PMDB ainda devem ver nele o vereador que se elegeu em 2004 pelo PP - e trocou pelo PSDB por causa da disputa para a mesa diretora da Câmara e para apoiar Berger.

- Tucanos devem lembrar que ele deixou o partido há menos de seis meses por querer ser candidato a prefeito já em 2008.

Isso deve pesar na dificuldade que enfrenta para emplacar seu nome na Regional da Grande Florianópolis. Nesse caso a Santur ficaria na medida para que Marcílio tivesse alguma evidência, mas não a necessária para forçar uma candidatura própria em uma eleição que deve ser disputada entre Berger e Esperidião Amin (PP).

Marcílio planejou tudo. Só não contava com o fantasma de Amin obrigando PMDB, PSDB e PFL a andarem juntos também na Capital...

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Diga ao povo que vou

As disputas e composições para que Djalma Berger (PSDB) continue em Florianópolis começaram a virar motivo de piada nas rodas políticas locais. Já tem gente dizendo que se não emplacar no secretariado de Luiz Henrique, o deputado federal eleito pode voltar a ocupar a Secretaria de Obras na Prefeitura do irmão, Dário Berger (PSDB), na Capital. Questionado pelo repórter Daniel Cardoso, de A Nóticia, sobre essa possibilidade, o próprio Djalma riu e garantiu que não procede. Disse inclusive que teria pleiteado apenas a Secretaria da Infraestutura. Nesse caso, a ida de Djalma Berger para Brasília ficou definida com a recondução de Mauro Mariani (PMDB) para a cargo. É esperar pra ver...

Meio termo

Se a Secretaria Regional da Grande Florianópolis é indicação do PMDB e ao mesmo tempo o Prefeito Dário Berger (PSDB) quer emplacar um aliado próximo na pasta, alguém já sugeriu o nome do presidente da Câmara Municipal, Marcílio Ávila (PMDB)?

domingo, 26 de novembro de 2006

A disputa pela Regional

À frente das prefeituras da Capital e de São José, é mesmo natural que o PSDB cobice a Secretaria Regional da Grande Florianópolis - até por parecer ser a única forma de encaixar o deputado federal eleito Djalma Berger no colegiado do governador eleito Luiz Henrique (PMDB). Mas o pleito tucano não é tão simples, já que atualmente o PMDB comanda a regional e não tem a menor intenção de ceder o posto.

O titular da pasta durante o primeiro mandato de Luiz Henrique foi Valter Gallina (PMDB), que deixou de disputar uma vaga na Assembléia Legislativa para ser coordenador da campanha à reeleição do governador. Quem ocupa a secretaria no momento é o ex-prefeito de Antonio Carlos, Geraldo Pauli, também peemedebista.

Pelos serviços prestados, Gallina deve voltar a comandar a pasta. Perguntado sobre uma possível disputa com o PSDB, o peemedebista desconversa e diz que mais importate do que discutir cargos e nomes é aprofundar a parceria da regional com a prefeitura de Florianópolis. No entanto, tanto republicanismo esbarra na questão principal...

- Se o importante é aprofundar a parceria, o PMDB não se importa de ceder a titularidade da pasta para o PSDB?
- Não, o titular vai ser do PMDB - garantiu Gallina.

Não devo, nego, não pago...

Os mais de 126 mil votos conquistados por Djalma Berger (PSDB) na disputa pela Câmara Federal não parecem ter sido suficientes para despertar no irmão do prefeito da Capital o desejo de ir para Brasília. Finda a eleição, Dário e Djalma começaram a pressão para receber a poderosa Secretaria da Infraestrutura - que Luiz Henrique logo destinou para o também deputado federal eleito Mauro Mariani (PMDB) como forma de controlar a cobiça dos Berger.

Pelas colunas de bastidores da imprensa catarinense logo se soube que a decisão do governador eleito irritou profundamente o prefeito e o deputado. Dário teria até comentado que por sua formação - engenheiro - Djalma poderia ocupar apenas a pasta da infraestrutura. Conversando na Assembléia Legislativa com um tucano que gosta de demonstrar conhecimento dos bastidores do partido e da prefeitura, cheguei a comentar:

- Então o Djalma vai ter que ir para Brasília mesmo...
- Não - interrompeu o tucano, enfático - o Djalma vai para o secretariado.
- Mas a infraestrutura ele perdeu...
- Só sei que ele vai estar no secretariado. Não vai para Brasília.

Naquela semana o engenheiro Djalma e seu irmão prefeito começaram a demonstrar que a pasta do Turismo, Cultura e Esporte também seria satisfatória para ambos. Mais uma vez a pressão se deu por fora do âmbito partidário, o que deve ter desagradado os correligioários - que tendem a indicar Gilmar Knaesel (PSDB) para a pasta, que já ocupou no primeiro mandato de LHS. E aos irmãos Berger, o que caberia? Os tucanos vão tentar emplacar Djalma na Secretaria Regional da Grande Florianópolis - que pode resultar numa dobradinha perfeita com as prefeituras do PSDB na Capital e em São José, mas é politicamente ineficaz se a idéia dos Berger é estadualizar o nome pensando em 2010.

Dário quer disputar o Governo do Estado, mas o partido já tem no senador e vice-governador eleito Leonel Pavan (PSDB) um pré-candidato. E Luiz Henrique parece ter mais com que se preocupar do que contentar os Berger - até porque o apoio da família na região não foi suficiente para diminuir a vantagem que Esperidião Amin (PP) alcançou no segundo turno. A diferença a favor do pepista ficou em 44 mil votos em Florianópolis e em 17 mil em São José. Vale lembrar que em 2002 a diferença a favor de Amin na Capital foi menor – 35 mil votos – e que na época Dário era prefeito de São José, militava no PFL e apoiava a reeleição do progressista.

De calculadora na mão, ao que tudo indica, Luiz Henrique não se sente em dívida com os Berger. E Djalma Berger provavelmente vai ter que escolher entre a Regional ou sua vaga na Câmara de Deputados - vaga que disputou com tanto empenho e que lhe custou R$ 870 mil em recursos próprios, devidamente declarados, é claro.
 
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