quinta-feira, 9 de agosto de 2007

A oposição entra na festa

Um dos exemplos mais usados para demostrar a força da coligação que reelegeu Luiz Henrique da Silveira em 2006 era o de que a eleição de 27 dos 40 deputados da Assembléia Legislativa impedia até mesmo a criação de uma CPI. As urnas garantiram aos oposicionistas apenas 13 deputados e o requerimento precisa de 14 assinaturas. A tese foi literalmente por água abaixo na quarta-feira, quando uma briga por cargos na região de Criciúma levou o deputado Clésio Salvaro (PSDB) e assinar o requerimento da oposição e permitir a instalação da CPI que vai investigar a Casan.

Se o estopim foi o fato de Salvaro não ter emplacado o diretor da estatal em Criciúma, os desdobramentos são incalculáveis. O fato determinado a ser investigado é a suposta troca de votos por obras da Casan em três localidades nos municípios de Taió e Rio do Canto, que teria favorecido a deputada Ada de Luca (PMDB), mulher do presidente da companhia, Walmor de Luca.

Salvaro e os De Luca disputam a mesma base em Criciúma, o que levou a indicação do tucano a ser preterida por um nome respaldado pelo PMDB do município - leia-se Eduardo Pinho Moreira (PMDB), adversário e desafeto de Salvaro. Com a mesma assinatura, o tucano se vinga por ter sido preterido e cria a possibilidade de desgastar o grupo político rival nas eleições de 2008. De quebra, passa a ser visto com outros olhos pelo PP, que poderia apoiar sua candidatura.
Mesmo com minoria na composição da CPI, a oposição vai ter espaço para fazer muito barulho. Ponticelli já tem afirmado que a suposta compra de votos é só o estopim. Quer mesmo é saber se os balanços da Casan estão maquiados e porque a estatal tem encontrado dificuldades para renovar a concessão dos serviços com os municípios.

- Queremos conhecer a Casan por dentro -, afirma o pepista.
Walmor de Luca responde, em um misto de deboche e desafio.
- Eles vão ter que fazer muito buraco para conferir os 1.750 mil metros de canos que instalamos em todo o Estado.

Vai ser divertido.

A CPI em frases

"Eu tenho o maior respeito pelo dr. Walmor. Ele foi o meu primeiro voto, em 1982"
Clésio Salvaro

"O Walmor administra a Casan comos se fosse o dono, como se ele não fizesse parte de um governo"
Clésio Salvaro, 3 minutos depois

"Existia uma indicação do deputado Salvaro e outra, respaldada pelo Ronaldo Benedet (PMDB), pela Ada de Luca (PMDB) e o prefeito de Criciúma. Como que eu não ouço a base?"
Walmor de Luca, governista dedicado

"Se eu fosse o dono da Casan, estaria muito bem"
Walmor de Luca, mantendo o bom humor

"Mas é claro que obra dá voto. O voto é reconhecimento e isso é a base da democracia"
Walmor de Luca, teorizando

"O teu marido também te ajudaria"
Ada de Luca, em resposta à repórter que perguntou se Walmor ajudou na campanha

"É uma questão paroquial que se expandiu"
João Henrique Blasi, louco por uma toga

É puro carisma

A primeira reação da deputada Ada Luca (PMDB) frente aos repórteres que a questionavam sobre a suposta troca de votos em por obras da Casan - comandada pelo marido Walmor de Luca - no município de Rio do Canto foi a seguinte frase:

- Eu nem sei onde fica Rio do Canto!

O interessante é que sem ter a menor idéia de onde fica Rio do Canto, Ada de Luca recebeu lá 275 votos. Parece pouco, mas é mais de 6% da população do município. Como não fica bem uma deputada estadual dizer publicamente que não conhece a geografia catarinense, fica aqui a contribuição do blog: deputada Ada, Rio do Canto fica no Alto Vale do Itajaí, ali do lado de Taió - onde a senhora recebeu 144 votos.
 
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