quarta-feira, 18 de junho de 2008

Relembrando 2006

O amigo e repórter do Notícias do Dia Alessandro Bonassoli relata em seu blog a sessão de ontem da Assembléia Legislativa, quando foi votada e aprovada a mudança nas regras da previdência estadual. Ele conta que os deputados governistas se abstiveram de defender o projeto em tribuna, deixando esse espaço todo para a oposição.

Isso tudo me lembrou a votação do projeto que permitia a venda das contas salário do funcionalismo - que pela Constituição catarinense não podiam sair do Besc. Isso aconteceu no final de 2006, quando Luiz Henrique já estava reeleito, mas Eduardo Pinho Moreira ainda respondia pelo governo.

Na época, os governistas também se calaram. O plenário cheio de besquianos, polícia e a oposição berrando (tinha mais gente na época) - enquanto os deputados da base estavam quase todos na antiga cantina do plenário.

Foi lá que eu perguntei ao Blasi, então líder do governo, se eles não iam defender o projeto.

- Upiara, tem horas em que a oposição discursa e a situação vota.

Antes de ir para o TJ, deve ter relembrado a técnica ao Herneus de Nadal, que ocupou seu posto. Não que precisasse, certamente.

terça-feira, 17 de junho de 2008

O debate que não terminou, recomeça

Desde a última campanha eleitoral e, principalmente, a Operação Moeda Verde, o prefeito Dário Berger (PMDB) diz querer enfrentar Esperidião Amin (PP) nas eleições desde ano. Se era bravata ou não, agora tanto faz. Com a confirmação de que o ex-governador será mesmo candidato, os dois devem polarizar a disputa em outubro e continuar aquele improvisado debate iniciando na Câmara de Vereadores, em 2006, que começou com gritos e terminou em boletins de ocorrência.

Para quem não lembra, ainda estava em disputa o primeiro turno das eleições para o governo estadual e a Câmara de Florianópolis – sob comando de Marcílio Ávila (então PMDB) – organizou um debate entre os candidatos. A presença de sete candidatos e o modelo engessado do debate esfriaram qualquer disputa entre Luiz Henrique, Amin e Fritsch.

O que esquentou a noite gelada (eu lembro porque voltei a pé para casa) foi a pergunta feita ao pepista por um dos jornalistas convidados. O repórter do jornal A Fonte queria saber se Amin era mesmo o dono da empresa de ônibus Transol – uma das muitas lendas políticas do município. Próximo ao jornalista, sentado ao lado do então líder do governo na Câmara, Juarez Silveira (então PTB), acompanhava o debate o prefeito Dário – em frente ao próprio Amin.

O ex-governador agradeceu à pergunta e disse a frase que fez Dário levantar-se da cadeira a iniciar o debate improvisado. Amin falou, com a mão espalmada:

- Eu tenho as mãos limpas. Não sou dono de empresa que presta serviço ao governo.

Um dos donos da Casvig, Berger se levantou para contrapor. Sem microfone em punho, suas palavras tiveram menos repercussão. Até porque, Amin, rapidamente encurralou Marcílio Ávila com uma pergunta.

- O senhor vai devolver o meu tempo ou vai abaixar a cabeça para o seu patrão?

Marcílio se viu obrigado a interromper a discussão, fazer o básico discurso sobre a Câmara de Vereadores não ter patrão e devolver o tempo perdido e a palavra a Amin. Que a usou como sempre. Bem. Acusou Dário de ter migrado para o PSDB (seu partido à época) junto com o irmão deputado Djalma em troca de contratos da Casvig com o governo estadual. Ainda se ouviu o prefeito gritar “denúncia requentada”, mas o fato político do debate estava pronto. E naquela mesma noite tem gente que jura ter ouvido Dário falar que queria enfrentar Amin em 2008. Se era bravata ou não, agora tanto faz.

Vai ser uma eleição divertida.

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Isso tudo aconteceu há menos de dois anos, mas não foram poucas as mudanças a serem apontadas.

- Dário trocou o PSDB pelo PMDB em setembro do ano passado. Meses antes, o irmão Djalma já deixara os tucanos, migrando para o PSB e a base aliada do presidente Lula.

- Em 2006, Marcílio Ávila e Juarez Silveira eram os donos do campinho chamado Câmara de Vereadores e hoje brigam na Justiça para reconquistar um lugar lá dentro. Mesmo que consigam, dificilmente terão a mesma relevância. Sem filiação, Juarez não teria nem como disputar a reeleição. Marcílio conseguiu um abrigo no PSB de Djalma Berger, mas precisa que a Justiça invalide sua cassação e lhe devolva os direitos políticos.

- José Fritsch, do PT, deve fazer um mergulho semelhante ao de Amin. Depois de disputar duas vezes o governo do Estado, vai tentar recuperar a cidade que o projetou – Chapecó. Amin tem mais chances.

- A Casvig, dos Berger, foi a principal prejudicada pela redução drástica dos gastos do governo estadual com terceirizados no segundo mandato. Vem daí boa parte dos R$ 170 milhões que o secretário de Administração Antonio Gavazzoni (DEM) diz ter cortado no custeio da maquina estadual em 2006. Nunca é demais lembrar que DEM é o novo nome do PFL e que o PFL não engole Dário Berger desde que ele deixou o partido, em 2003, para viabilizar a candidatura a prefeito da Capital. O DEM que vai tentar tudo para ser a terceira via da eleição, com o deputado César Souza Júnior aliado a outro “marido traído”: o PSDB do vereador Walter da Luz e, principalmente, do deputado Marcos Vieira.

- A Operação Moeda Verde não deu em nada até agora (tirando as cassações de Marcílio e Juarez). Mas o seu cadáver vai ser exumado durante toda a campanha eleitoral até que se descubra se seu DNA tem genes Amin ou Berger. Ou se é um transgênico.
 
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