quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Fábulas e alianças exóticas

O jornalista Cláudio Humberto, ex-assessor de imprensa do ex-presidente Fernando Collor, tem um site de notas políticas que vale dar uma conferida por causa de antigas histórias que ele relembra. Há dois dias, ele narrou um episódio envolvendo a curiosa aliança que juntou Esperidião Amin e Leonel Brizola em 1986. Em comum, ambos sofriam com o êxito do plano cruzado – que acabou elegendo governadores peemedebistas em todos os estados brasileiros nas eleições daquele ano.

Para tentar conter esse avanço é que os tradicionais opositores acabaram trocando figurinhas, sem sucesso. No Rio de Janeiro, o então governador Brizola não conseguiu emplacar o vice, Darcy Ribeiro, que perdeu para Moreira Franco. Em Santa Catarina, a “Aliança Social-Trabalhista” (o Social vinha do S do PDS de Amin e o Trabalhista do T do PDT de Brizola) foi ensaiada um ano antes, na disputa pela prefeitura da Capital. O candidato era Chico Assis, que sofreu sua primeira derrota em disputas pelo comando de Florianópolis, para Edison Andrino. Em 86, o PMDB levou também o governo estadual, com Pedro Ivo Campos.

As conversas entre Amin e Brizola – exímios frasistas e contadores de histórias – devem ter rendido boas notas nas colunas políticas da época. No resgate de Cláudio Humberto, Amin conta uma fábula árabe para Brizola.

- O urubu queria se vingar da cobra e contou à raposa: “Quando a cobra sair do buraco, dou uma bicada em cada olho e ela acaba morrendo”. A raposa ponderou que havia risco e sugeriu: “Vá à cidade, roube uma jóia da moça mais bonita e uma multidão vai atrás de você. Voe para o buraco da cobra, atire a jóia lá dentro e a turba vai matá-la para você”.

Brizola não entendeu a analogia e Amin explicou. Naquele momento, o Urubu era o PMDB e o governador fluminense, a cobra.

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Leia a nota publicada no site do Cláudio Humberto clicando aqui (é a última nota).

1 comentário:

Anónimo disse...

Tempos depois, o Brizola chamou o Amin de "biruta de aeroporto", que vira para onde o vento passa. Lembro depois, em 2002, do Brizola voltando a SC para uma reunião que acabou em apoio a Amin. Pedro Schmitt pergunta para o velho caudilho o que tinha mudado da época da biruta para aquele dia. Brizola riu e respondeu dizendo que ele e Amin eram grandes amigos, e que a comparação era brincadeira de amigo. O caudilho realmente faz falta.

 
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